quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Título >Aqui<

O que mais me irrita é a minha incapacidade de distinguir as coisas. Porque tudo se mistura, vira pura sinestesia. E me sinto a pessoa mais ingênua do mundo.

A imprevisibilidade é a coisa pela qual mais espero. Preciso constantemente me lembrar de esperá-la com um escudo, ou então com pés bem fincados, pra não cair. Se bobagens me arrebatam, que dirá coisas de certa importância? Ou talvez as bobagens me abalem mais que coisas de real substância. Me desconheço.

Porque precisa ser tudo meu e para mim. E da onde vem tudo isso? A psicologia explica? Ausência, vazio, um nome. Nenhuma dessas palavras classifica o que tem impregnado em mim, como breu em lençol branco. É minha prodridão e minha salvação. E adoro.

Mas se me desconheço, como posso ser vício de mim mesma? A verdade é que não me desconheço, apenas não me sei completamente. Pois uma alma é vasta, e nas portas mais longes dos quartos mais distantes se esconde a imprevisibilidade.

É quando vem a ânsia. A angústia. Me falta a respiração. Me falta a respiração pela vontade de não ser, de não saber. Deve ser pela insignificância da minha vida diante de tudo. Tudo tão grande, os outros tão maiores, tudo tão distante e irreal. Bem aí! Me misturando de novo. Sinto o coração pular, e nem sei bem porquê. Deve ser o preto escorrendo e corroendo.



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