quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

"Lying is the most fun a girl can have without taking her clothes off."

Foi quando seus lábios borrados de vermelho brincaram. Haviam fingido e ninguém percebeu. O mundo não parou, ninguém olhou estranho, nenhum copo caiu, nenhuma boca se calou.
O sorriso brotando no canto de sua boca denunciava só aos mais atentos: uma revolução acontecera ali.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

D.

Você. Andando devagar na rua que tão bem você conhece. Sentindo humildemente o sopro leve do vento em seu rosto. Ouvindo o arrastar das suas sandálias na calçada e o tilintar que as fivelas delas fazem quando você desce um degrau. Você maravilhado com sua sombra, que muda de formato e tamanho a cada casa que você passa. Parando um instante para talvez ouvir o suspiro da senhora que vê um filme comédia romântica, chorando e suspirando. ("Por que eu não tive um amor desses?"). "Por que as pessoas estão sempre ocupadas com o desejo de serem amadas?" Você ri. Aquele seu sorriso que eu tanto conheço bem. Aquele onde você só mexe o canto dos lábios, faz um barulho engraçado e deixa os dentes aparecerem um pouquinho, tão brancos. Eu conheço esse sorriso. A rua deserta. Nada além da noite e não são nem dez horas. O mundo deserto. "Não seria tão ruim, não acha?". Ninguém no mundo além de você... Não é má idéia. Você. Você gostava de quando o sol batia no seu rosto e deixava seus olhos tão transparentes daquele jeito. Você gostava porque eu gostava. Eu lembro que você sempre tinha respostas. Mas não lembro quais eram. Você insistia em usar aquela camisa xadrez, mesmo que ninguém falasse com você por causa dela. Por que ninguém falava com você? Eu queria aquela camisa. Eu lembro o quanto você ria de mim e eu me sentia mal por isso. Você dizia as coisas e não parava. Você e seu mundo deserto. Você dizia as coisas e parava, do nada. O deserto parecia grande demais? E a chuva pesada demais. Os pingos doíam na sua pele. Você me esquecia e não se importava com isso. Você era de todo o mundo antes de chegar a mim. Era de todo seu deserto e suas miragens antes que eu pudesse ver o sol transformar seu rosto. Acho que você fez mal em tentar se entender. Você fez mal muitas vezes. Quase já não posso ver seu sorriso...
Incrível como a noite fica mais escura com o passar do tempo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008