terça-feira, 8 de junho de 2010

pretérito futuro

"Estou tentando e conseguindo esquecer-me de mim mesmo, de mim minutos antes, de mim esqueço o meu futuro."

De mim eu fui e só volto quando quiser. É porque eu fui e quem foi não voltarei. Eu fui sem me pedirá e me esqueço de me perguntei se precisasse mesmo da volta, se pra onde iria fui de novo pra mim. Eu perderei o que foi? Mas se foi me perdi.

domingo, 11 de abril de 2010

zambi

Porque sou o princípio e o fim de tudo em mim.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Onde eu coloco essa raiva de não me entender mais nem um pouquinho? Só quero cuidado.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Escuro

Quando sentia aquelas vontades que vinham encher seus olhos e depois de um instante passavam, pensava em como ele não entenderia nada daquilo. Ele olharia, atencioso, como o bom rapaz que sempre foi, iria até estender a mão, quem sabe, em um ato novo de atitude, mas nunca entenderia. Nem ela. De onde brotava aquela raiva por tudo aquilo que ela via sem saber? Aquelas coisas que apareciam na frente dela sem ela pedir. Aqueles nomes, aquelas cores, aquelas similaridades. Ele crê em quê? Ele quer o quê? Do que ele fala? Pra onde quer ir?
Achava que se passasse a viver assim, na marola, pegando a rebarba que ele deixava, que tudo bem. Porque era ele. Sabia que se encasquetasse de se rebelar contra o silêncio seria o caos total. Aí sim, ele dava o fora na hora, não aguentava o tranco. E ele lá era homem de dar o fora? E ele lá era homem?
Criou a teoria de que: "homens mesmo: tá difícil". Depois riu. Quanta besteira! Queria esbugalhar ele todo, apertar todinho, que raiva, raivinha, daquelas bem mesquinhas que ficam fofocando da vida alheia. Mediocrezinha. E apertava com força mesmo, quem sabe saía sangue daquele olho que não falava nada, daquele coração que não sabia de nada, daquelas veias todas pútridas de noite-após-noite-não-tenho-nada-com-você.
Que homem feio, meu deus. Ela queria criticar tudo. Todo o jeito de ser, de sentir, de falar, de correr, de dançar, de tudo. Vamos acabar com essa palhaçada: tem que ser perfeito assim e pronto. E ele sem entender, coitado. Sem entender o pouco caso dela, a falta de qualquer coisa que fosse pra ter no lugar daquilo. Coitados. Nenhum dos dois entendia. Nenhum dos dois sabia da grande mentira que as pessoas passaram a vida toda inventando.
Levantaram assim, devagar, com preguiça, cansados de si, cansados um do outro. Ele olhou aquela pele e pensou que pele era um negócio engraçado. Engraçado esse negócio de tocar, ele pensou. Depois pensou que estava pensando como ela. E pensou que quando a cabeça acaba sendo uma só, o coração acaba esquecido. Pensou que isso não fazia sentido. Pensou que sabia que nada daquilo, nada, nem por um minuto, tinha valido a pena. Mas ela se mexeu. Mas ele sentiu.
Leu a letra podre de covardia, cansaço, vou-ou-não-vou dele. Dizia que não queria mais não entender. Que queria achar uma mulher e assistir um filme bonito com ela e só. Sem todo aquele peso depois. Ela agradeceu e recebeu a leveza com coragem.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Há tanto em mim que desconheço... a fala me surpreende e a respiração insistente é um mistério. Alheia de mim, eu me comando. Ao mesmo tempo navegante, ao mesmo tempo capitã. De que destino?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ainda tenho o direito ao grito?

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

"(...) isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir." Mas eu vim.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

"Diga não aos covardes"

Como sempre, Tati Bernardi tirando as palavras da minha boca:

Um brinde aos passos minúsculos desses seres rastejantes. Andam na velocidade de uma boa notícia quando a ansiedade já extrapolou a lógica da espera.
Chega de meias bocas pra preencher profundos vazios. Meias bocas para beijar entradas inteiras. Meios beijos de respeito na testa. Meias palavras para dizer alguma coisa que, feita a análise fria, nada querem dizer.
Intenções soltas e desejos desconexos. Esse mistério todo é uma violência contra a minha inteligência. Sejamos diretos para não sermos idiotas: eu te quero. Você me quer? Não sabe? Ah, então vá pra puta que te pariu. (E vá ser vago na casa da sua mãe porque embaixo da sua manga eu não fico mais!)
Este rebolado colorido que descola de seu cenário pastel, vem de meu ventre. Livre. Portanto não tente me escravizar, nem com promessas, intelectualidades, ou uma pegada daquelas.
Este rebolado é quase que instintivo, meu jeito, nada sutil, apesar de ser essa a intenção, de te mostrar que há chances de ultrapassagem.
Seja inteligente, faça jus à espécie, seja Sapiens. Perceba o sinal verde, ultrapasse.
Não sabe se quer acelerar o motorzinho? Então vá treinar com uma boneca, uma revista, uma prima, a chata da sua mulher, a sem-sal da sua namorada ou o raio que os parta todos os mornos.
Eu não sou morna e, se você não quiser se queimar, morra na temperatura do vômito. E bem longe de mim.
Ou venha me ajudar a ferver essa banheira. Vamos ficar cegos de vapor e vermelhos de vida. É sangue que corre nos meus sentimentos e não o enjôo morno de uma vida que se vai empurrando com a barriga.
Barriga que vai crescer no sofá imundo dos acomodados.
Eu ainda quero muito. Quero as três da manhã de um sábado e não as sete da tarde de uma quarta. Vamos viver uma história de verdade ou vou ter que te mandar pastar com outras vaquinhas?
Docinho vá fazer pra quem gosta de lamber o seu cuzinho, porque aqui nessa boquinha só entra cher nourriture . Vá contar esse seu papinho de "Hey, you never know" pra quem conta com a sorte e sabe esperar. A sorte é sua de ser amado por mim e eu quero agora, ontem, semana passada.
Amanhã não sei mais das minhas prioridades: posso querer dormir com pijama de criança até meio-dia, pagar 500 reais numa saia amarela, comer bicho-de-pé no Amor aos Pedaços ou quem sabe dar para o seu chefe em cima da mesa dele.
Minha vontade de ser feliz é como a sua de gozar. E se eu te iludisse de tesão e levantasse rápido para retornar a minha vida? Você continuaria se fodendo sozinho para fugir da dor: é assim que vivo, masturbando minha mente de sonhos para tentar sugar alguma realização. É assim que vivo: me fodendo.
Chega de ser metade aquecida, metade apreciada, metade conhecida. Chega de ser metade comida em meios horários e meio amada em histórias pela metade.
Chega de sorrir para o que não me contenta e me cobrar paciência com um profundo respiro de indignação. Paciência é dom de amor aquietado, pobre, pela metade. Calma, raciocínio e estratégia são dons de amor que pára para racionalizar. Amor que é amor não pára, não tem intervalo, atropela.
Não caio na mesma vala de quem empurra a vida porque ela me empurra. Ela faz com que eu me jogue em cima de você, nem que seja para te espantar.
Melhor te ver correndo pra longe do que empacado em minha vida.

Eu não gosto de postar textos de outras pessoas. Mas nesse caso, abro uma exceção.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Texto-clichê de fim/início de ano

Em 2009 eu aprendi muita coisa. Vivi muita coisa. Foi um ano de mudanças, eu cheguei a não me reconhecer (e ainda to tentando a minha própria reconquista). Mas eu não cheguei de fato, porque foi tudo uma partida. E parti pra coisas maravilhosas, pessoas amáveis e momentos tão alegres quanto curtos. Parti pra noite, pro sono, pra angústia, pro riso, pro abraço, pra amizade. Parti pra descoberta. 2009 me ensinou que o que vale é ser de mim pra mim mesma sem que isso implique a solidão. Me ensinou a abrir os olhos pro que já me passava há anos e eu nem. 2009 veio na hora certa pra me dizer que além do certo e do errado, tem muita coisa. Foi em 2009 que eu me apaixonei pela primeira vez de um jeito que nunca vou entender. E foi esse ano que me mostrou como é horrível o nó incrustado no teu peito. Cedo, assim, numa manhã de uma quarta-feira de Março (foi mesmo ou eu to enfeitando?). Foi em 2009 que eu tive vários como não fui de nenhum. Em 2009 eu me tornei irmã de fato, e tive a certeza de que esse laço ninguém desfaz. Em 2009 eu me deixei ser vista de uma forma que eu não sabia que era minha no momento, e não sei o que fizeram daquela imagem ou quem a tem. E isso me incomoda. Em 2009 eu sofri mais pela minha incapacidade comigo mesma, e o sofrimento pelos outros foi um reflexo disso. Em 2009 eu descobri que não vale à pena tentar entender. Não vale a pena tentar entender a ausência de catorze anos que sinto como se fossem dezoito, não vale à pena entender a contradição da bondade com a covardia, não vale à pena guardar mágoa ou ressentimento, não vale questionar o constante abandono. Não vale o esforço, a dor, o aperto. Se perguntarem por que, não saberia dizer, mas é assim. Talvez porque acontece de não valer mesmo a espera, nem o desespero. Talvez porque o que valha seja a calma de aceitar a vida como ela é pra garantir uma paz quase inalcançável. E é difícil. Mas eu queria uma seleção especial pra 2009: ele veio pra reafirmar o ciclo que vem de dois em dois anos, desde 2005 (ou eu conto com o ano ruim que foi 2003?). Então, 2010 começa com um abraço apertado, num dia onde, mais cedo, as lágrimas tinham sido acompanhadas por um sorriso de dentes. Começa na tranqüilidade de mais um dia de marasmo. Começa sem grandes rebuliços. Começa com saudade antecipada e uma casa familiar, mas ainda sem familiaridade. Daí eu vejo que caminhei tão pouco pra chegar nesse pedaço de mim que fica tão longe. Eu não sei como me sinto, mas sinto que deve ser algo admirável. Um momento importante. Eu não sei de onde brota a coragem, mas hoje sei que, no momento certo, vou conseguir sentar e perguntar: “O que aconteceu?”. Sei que pra 2010 há grandes planos, grandes ambições, possíveis grandes quedas. Sei que há os milhões de pontos de interrogação que já me foram apresentados e os outros milhões que vão dar um “oi” pelo meio do caminho. Eu sei que 2010 não faz parte do ciclo dos anos memoráveis, mas eu não espero nada dele mesmo. Assim, ele, quem sabe?, me surpreende.