quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Cada minuto que passa é outra facada no coração: é ela, ali, estirada no chão, sangrando, olhos vivos, pálida, gaguejando suas últimas palavras. Gaguejando por amor, gaguejando por um homem, pelo pai, pedindo perdão à mãe.
E se lembrou de quando era criança, se lembrou de quando a coisa mais fácil era sorrir. E sorriu.
Pensou na liberdade. Será que finalmente estaria livre?

Estava alucinando. Devia ser pelos remédios.
- Que remédios?
- Aqueles que esqueceram de dar a ela.

Com as últimas lágrimas, pegou o punhal já enterrado no peito, e afundou-o até corpo e punhal serem indistinguíveis. Estava, enfim, só. Não só com ela mesma, mas só com o vazio: era a dor pura, era tortura. Mas ela, sádica, sorria.






Magnus leu aquelas páginas em descrença. Sentindo-se completamente impotente: sabia que aquilo já estava fadado a acontecer. Ela, afinal, era a própria solidão.