sábado, 19 de maio de 2007

Fascinação

A que ponto começa a loucura? Quando as vozes aparecem e, com elas, os discos voadores?
Ninguém nunca realmente acredita nos loucos. Justamente o porquê de interná-los em lugares estranhos a eles, furá-los com agulhas e entupi-los com pílulas. Pois eu tenho uma pequena simpatia por loucos. Não sei explicar muito bem porque, mas tenho.
Deve ser por causa do escape. A loucura é um subterfúgio pra largar tudo o que há aqui neste mundo, na rotina de cada dia. É a culminância da solidão somada ao desespero. A agonia com o segredo, o nó na garganta, o grito cortado, a palavra apagada, o desejo se esvaindo. É a imaginação que não cessa de criar e figurar e pregar peças. É quando você acorda e não consegue distingüir o sonho da realidade, pois quem disse que a loucura dura pra sempre? Somos loucos por segundos e até minutos.
Você nunca parou pra pensar naquela teoria que diz que isto aqui que é o sonho e aquilo que supostamente sonhamos é a realidade? Nunca pensou que todo este Universo é uma brincadeira de qualquer criança mimada com muita tecnologia em suas mãos? Nunca mirou tanto numa idéia que, de repente, ela passou outro dia andando na rua? Ou vai dizer que nunca tornou uma fantasia tão real ao ponto de quase tocá-la?
Vivo momentos de ódio que são bem similares àqueles sublimes momentos de certeza. Minto: os de ódio são exatamente opostos aos de certeza. Na verdade, o ódio é causado pela incerteza. Isso tudo é real? O que realmente importa? Até quando vai ser assim? E os porquês que a criança de 4 anos não para de se perguntar.
Mas, pior do que os sublimes momentos de certeza, que duram minutos, os de ódio duram dias, semanas, às vezes nunca vão embora e se transformam em loucura. Diga-me, a loucura é algo ruim? Você acha? Talvez o que seja ruim pra você não seja pra mim. Como mentir. Estava pensando outro dia nisso. Morro de vontade de sair contando mentiras pra desconhecidos (ou até mesmo conhecidos), só pra me divertir um pouco comigo mesma. Mas me falta coragem.
Uma coisa que volta e meia me revolta são os valores morais da sociedade. É o famoso 'isso é certo', 'isso é errado'. São os limites, sim. É dizer o quão alto você pode voar, pra não cair. Mas e se quiséssemos cair? E aqueles que caem? Ah, esses são os renegados, os sujos, os imundos, a escória, a podridão da humanidade. Porque o ser humano que é ser humano não pode se dar ao luxo de cair...! Luxo, sim. Pois loucura é libertação.

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