quinta-feira, 17 de maio de 2007

, por favor.

Ela via nele algo que nunca vira antes em ninguém. Ela via nele a ânsia de procurá-la em todas as esquinas, em todas as lacunas, em todos os suspiros, em todos os risos, em todas as lágrimas, em todos os passos, em todo olhar, em toda frase, em toda gíria, em toda mania. Ela via o que queria, sem nem mesmo isso existir.
E ele se aproximou, sério. E ele a olhou, concentrado. Havia ali uma grande missão, uma música lenta e melancólica seria bem-vinda. Ela nem se via, não conseguia; era impossível. Ele, parado ali, era o mundo, o infinito, a vida, o passado. Ele ali, com aquele olhar instigador, era ela. Ele era seu reflexo. Ele era. Ele não existia.
E ele levantava suas (lindas) mãos, segurava seu rosto nelas. Com os polegares, alcançava os olhos. Sentia seu queixo, sua pele, sentia seus cílios trêmulos. E como um cego, ele a reconhecia: bela. E como aquele que encontra o que procurava, ele sorri. Mas ela nada vê. Ela está de olhos fechados, está nas mãos dele.
Ela abre os olhos. E vê o sorriso sincero, o olhar sincero, o toque sincero. Ele. Ah, ele. E comovida por tamanha sinceridade, ela chora. Chora. Reflexo do reflexo, a faz chorar. Ele a sorrir, ela a chorar. E na mistura do pranto-prazer, ela vê que finalmente chegou onde queria. A esperada sensação de que afinal é o fim a faz suspirar. Alívio.
E ele, gentilmente, diz:
- Agora vá.

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