Dizem que ele já foi pai de família. Outros especulam que não passa de um vagabundo. Falam sobre ele o dia todo, sem cessar, fofocando e criando novas idéias. "Gente é um bicho doido", o papagaio da quitanda não cansa de repetir. O homem nenhum mal fazia, mas também nenhum bem manifestava. Sequer se pronunciava ou gemia. E o povo a falar e repetir e enumerar e aumentar e sugerir e concordar. Mas ninguém, nenhuma viv'alma se propôs a ir lá e sentar-se ao seu lado: "Me conte".
Mas havia uma garota de tranças no cabelo, calças jeans e um sapato velho. A ela sempre fascinara o mar. Nunca o vira, mas sabia que era de tamanha beleza que palavras não serviam para descrevê-lo. Sabia do gosto de sal e do grude que fazia nos cabelos. E do sol que, com a água, dourava as meninas na praia.
Um dia, enquanto observava sua mão, vermelha ao toque do sol, ouviu sobre o homem:
- Dizem que ele tem uns olho que nem que é a cor do mar! Eu duvido... ouvi dizer que mar nem tem cor.
Seu coração acelerou.
Encontrou-o no lugar de onde ele não saía, sentado, de olhos pro chão. Ajoelhou-se na frente dele e foi quando ele levantou a cabeça. Teresa pôde ver a si mesma naquelas ondas e enxergou cor onde a mulher havia dito que não havia. Perdeu-se; esqueceu-se da cidade, da mulher, do mar, do homem e dela mesma.
E até hoje as pessoas da cidade repetem e enumeram e aumentam e sugerem e concordam sobre como a menina afogou-se no azul.
Mas havia uma garota de tranças no cabelo, calças jeans e um sapato velho. A ela sempre fascinara o mar. Nunca o vira, mas sabia que era de tamanha beleza que palavras não serviam para descrevê-lo. Sabia do gosto de sal e do grude que fazia nos cabelos. E do sol que, com a água, dourava as meninas na praia.
Um dia, enquanto observava sua mão, vermelha ao toque do sol, ouviu sobre o homem:
- Dizem que ele tem uns olho que nem que é a cor do mar! Eu duvido... ouvi dizer que mar nem tem cor.
Seu coração acelerou.
Encontrou-o no lugar de onde ele não saía, sentado, de olhos pro chão. Ajoelhou-se na frente dele e foi quando ele levantou a cabeça. Teresa pôde ver a si mesma naquelas ondas e enxergou cor onde a mulher havia dito que não havia. Perdeu-se; esqueceu-se da cidade, da mulher, do mar, do homem e dela mesma.
E até hoje as pessoas da cidade repetem e enumeram e aumentam e sugerem e concordam sobre como a menina afogou-se no azul.