sábado, 2 de janeiro de 2010

Texto-clichê de fim/início de ano

Em 2009 eu aprendi muita coisa. Vivi muita coisa. Foi um ano de mudanças, eu cheguei a não me reconhecer (e ainda to tentando a minha própria reconquista). Mas eu não cheguei de fato, porque foi tudo uma partida. E parti pra coisas maravilhosas, pessoas amáveis e momentos tão alegres quanto curtos. Parti pra noite, pro sono, pra angústia, pro riso, pro abraço, pra amizade. Parti pra descoberta. 2009 me ensinou que o que vale é ser de mim pra mim mesma sem que isso implique a solidão. Me ensinou a abrir os olhos pro que já me passava há anos e eu nem. 2009 veio na hora certa pra me dizer que além do certo e do errado, tem muita coisa. Foi em 2009 que eu me apaixonei pela primeira vez de um jeito que nunca vou entender. E foi esse ano que me mostrou como é horrível o nó incrustado no teu peito. Cedo, assim, numa manhã de uma quarta-feira de Março (foi mesmo ou eu to enfeitando?). Foi em 2009 que eu tive vários como não fui de nenhum. Em 2009 eu me tornei irmã de fato, e tive a certeza de que esse laço ninguém desfaz. Em 2009 eu me deixei ser vista de uma forma que eu não sabia que era minha no momento, e não sei o que fizeram daquela imagem ou quem a tem. E isso me incomoda. Em 2009 eu sofri mais pela minha incapacidade comigo mesma, e o sofrimento pelos outros foi um reflexo disso. Em 2009 eu descobri que não vale à pena tentar entender. Não vale a pena tentar entender a ausência de catorze anos que sinto como se fossem dezoito, não vale à pena entender a contradição da bondade com a covardia, não vale à pena guardar mágoa ou ressentimento, não vale questionar o constante abandono. Não vale o esforço, a dor, o aperto. Se perguntarem por que, não saberia dizer, mas é assim. Talvez porque acontece de não valer mesmo a espera, nem o desespero. Talvez porque o que valha seja a calma de aceitar a vida como ela é pra garantir uma paz quase inalcançável. E é difícil. Mas eu queria uma seleção especial pra 2009: ele veio pra reafirmar o ciclo que vem de dois em dois anos, desde 2005 (ou eu conto com o ano ruim que foi 2003?). Então, 2010 começa com um abraço apertado, num dia onde, mais cedo, as lágrimas tinham sido acompanhadas por um sorriso de dentes. Começa na tranqüilidade de mais um dia de marasmo. Começa sem grandes rebuliços. Começa com saudade antecipada e uma casa familiar, mas ainda sem familiaridade. Daí eu vejo que caminhei tão pouco pra chegar nesse pedaço de mim que fica tão longe. Eu não sei como me sinto, mas sinto que deve ser algo admirável. Um momento importante. Eu não sei de onde brota a coragem, mas hoje sei que, no momento certo, vou conseguir sentar e perguntar: “O que aconteceu?”. Sei que pra 2010 há grandes planos, grandes ambições, possíveis grandes quedas. Sei que há os milhões de pontos de interrogação que já me foram apresentados e os outros milhões que vão dar um “oi” pelo meio do caminho. Eu sei que 2010 não faz parte do ciclo dos anos memoráveis, mas eu não espero nada dele mesmo. Assim, ele, quem sabe?, me surpreende.

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