quarta-feira, 11 de junho de 2008

Primeira pessoa

- Não quero mais nada, pode ir.
- Como não quer mais nada?
- Não quero! Cansei! Não quero!
- Nem um abraço, nem mais um beijo?
- Não.
- Nem um presente, e aquele CD que você queria?
- Não.
- E a minha presença?
- Não.
- Você quer que eu vá embora, é isso?!
- Não.
- O que você quer?
- Nada.
- O que você tem?
- Tudo. Se quiser pode ficar. - e o olhou, entregando-se secretamente.
- Não, não... O que aconteceu contigo?
- Nada, comigo nada. Essa não sou eu.
- Mas isso não está certo!
- Não. Está errado mesmo.
- Não é assim que você...
- Que eu o quê?

Silêncio.

- QUE EU O QUÊ?!?!

Viraria para olhá-lo, um olhar agressivo, e então ele saberia, a pegaria pela mão, a ensinaria, a tocaria, falaria palavras desconexas, gaguejaria, choraria, protestaria, diria que não é assim que ela. Mas cansou de supor, de ter esperanças: não se deu ao trabalho de decepcionar-se; sabia que viraria para apenas contemplar o vazio.



2 comentários:

Labirintos disse...

Olá Jessica, pois é faz um tempinho que escrevo por aqui. Embora poucas pessoas olhem, eu continuo a escrever haha
Realmente escrevo sobre esse meu conflito interior, às vezes até interior de mais.

Também gostei bastante do que escreves! Vou passar mais vezes por aqui.


Beijos

TIAGO JULIO MARTINS disse...

Precisa voltar, Dona Menina.

Inventa, exagera, delira, dramatiza, colori, sonha, grita, desconstroi, enfeita, brinca, esvaia-se, exorciza, silencia, perca-se depois ache-se e perca-se de novo no que era antes.

Fazes tão bem tudo isso, é tão poético que chega a ser surrealista. Só precisa um pingo de boa vontade e uma colher de paciência pra deixar as palavras fluirem de novo.
Tenta, eu sei que consegues.

(daqui a pouco acabam os meses e eu não vou ter coisa nova pra ler. =p)