domingo, 20 de setembro de 2009
Teletransporte, cadê você?
Queria que num salto eu pudesse tocar tudo o que quero tocar, e que tudo me tocasse também, do jeito certo. Sentir as coisas que eu deveria sentir e senti-las voltando pra mim, uma por uma. Abrir os olhos e acordar num lugar possível dentro de mim. Respirar um ar sereno pro meus pulmões, porque eu preciso. Derramar um sangue menos denso, pra não desgastar. Eu me desgasto muito. Todos os dias. Todos os dias minhas peles vão ficando pelo caminho, como as mudas de uma cobra, e todos os dias preciso achar meios de recuperá-las, porque gente não pode despelar assim. E eu encontro, imperceptivelmente, eu encontro, aos poucos. E vou me agarrando assim nessas peles falsas e substitutas que chega uma hora eu perco a conta. Quanto foi mesmo que eu despelei? O quanto mesmo de tudo isso que há em mim é meu de verdade? E sempre deve haver a conquista e a reconquista: é como se eu fosse um bicho arredio de mim mesma, sempre precisando de mais cuidado, de mais carinho, de mais atenção. Então, vem aqui junto comigo descobrir o jeito certo. Não certo porque dizem, mas porque é. Vem comigo também querer sempre outra coisa. Sempre outro lugar. Sempre outro corpo. Um amor.
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4 comentários:
"Então, vem aqui junto comigo descobrir o jeito certo. Não certo porque dizem, mas porque é. Vem comigo também querer sempre outra coisa. Sempre outro lugar. Sempre outro corpo. Um amor."
que lindo jess, lindo mesmo. :)
Adorei esse texto, my twin. Essa sacada das peles foi sensacinal...
te amo.
Ah, eu também queria!
"Eu me desgasto muito. Todos os dias. Todos os dias minhas peles vão ficando pelo caminho, como as mudas de uma cobra, e todos os dias preciso achar meios de recuperá-las, porque gente não pode despelar assim. E eu encontro, imperceptivelmente, eu encontro, aos poucos. E vou me agarrando assim nessas peles falsas e substituas que chega uma hora eu perco a conta. "
Adorei *-*
obrigada pela visita :)
Sempre gosto das tuas críticas, acho que são as mais honestas que recebo.
Bom, acho que a embriaguez é subjetiva, comigo as coisas acontecem um pouco diferentes... Mas eu fiz mal em generalizar sim.
Apaguei o "dói" porque aquilo não fazia mais sentido pra mim. Aí me incomodou e eu anarquizei. :)
Quanto ao teu texto, eu ainda acho que o "amor" é isso aí: duas essências entrando em contato despidas de todas as capas sociais ou outras camadas. Um reconhecimento honesto. Não deixa de ser uma fuga. Ou não. :)
Enfim, tu sabes que escreve bem. E a gente se esbarra sim.
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