domingo, 20 de setembro de 2009

Teletransporte, cadê você?

Queria que num salto eu pudesse tocar tudo o que quero tocar, e que tudo me tocasse também, do jeito certo. Sentir as coisas que eu deveria sentir e senti-las voltando pra mim, uma por uma. Abrir os olhos e acordar num lugar possível dentro de mim. Respirar um ar sereno pro meus pulmões, porque eu preciso. Derramar um sangue menos denso, pra não desgastar. Eu me desgasto muito. Todos os dias. Todos os dias minhas peles vão ficando pelo caminho, como as mudas de uma cobra, e todos os dias preciso achar meios de recuperá-las, porque gente não pode despelar assim. E eu encontro, imperceptivelmente, eu encontro, aos poucos. E vou me agarrando assim nessas peles falsas e substitutas que chega uma hora eu perco a conta. Quanto foi mesmo que eu despelei? O quanto mesmo de tudo isso que há em mim é meu de verdade? E sempre deve haver a conquista e a reconquista: é como se eu fosse um bicho arredio de mim mesma, sempre precisando de mais cuidado, de mais carinho, de mais atenção. Então, vem aqui junto comigo descobrir o jeito certo. Não certo porque dizem, mas porque é. Vem comigo também querer sempre outra coisa. Sempre outro lugar. Sempre outro corpo. Um amor.

sábado, 12 de setembro de 2009

Eu sou um pássaro que vivo avoando

Esses socorros que eu busco por ainda saber pouco, entender pouco, querer muito são silenciosos e desesperados. Tá todo mundo criando regras de comportamento o tempo todo, todo mundo dizendo pra não ligar, não perguntar, isso não, isso sim. Mas eu nasci. E sigo contra essas regras de pessoas cínicas que se escondem num escudo seguro contra choques. Ou vai ver elas só assim, fazer o quê? Mas eu nasci assim, sempre fui. Sempre falei, fiz, quis, fui atrás.
Peguei na tua mão, é. Esbocei um carinho. Foi. Beijei ele. Verdade. Todos vocês, todos, são meus pequenos socorros nessa busca de alguma coisa que ainda não consegui elucidar. Deve ser a natureza humana. Talvez seja a minha natureza. Então é isso, eu sigo os instintos: os que me fazem, os que eu sou. Esqueça a auto-preservação e a sobrevivência, eu arrisco na corda bamba. Sempre achei melhor o pulo no abismo do que a ponderação. Impulsos vazios que me levam a ti ou a ele lá.
Tenho amigas que chamam isso de coragem. Tem gente que deve achar descuido. Eu te juro que só sou eu. E a isso não me nego: ser de verdade. Não me dói ser assim porque é anestesia. Me incomoda, é verdade, mas só pela voz interna dessas regrinhas que plantaram em mim. Porque eu sempre fui de voar, te juro. Me agarrando em socorros e em curtas e despercebidas demonstrações de amor. Voando assim, de um pra outro, pequena e frágil, quieta e esperançosa.
Eu vôo pela busca. Aquela daquilo que eu ainda não sei o que é. Eu vôo porque é natural pra quem tem asas. Eu vôo porque é um acordo comigo mesma, de ser eu mesma, de me fazer e me querer sempre perto de mim.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Vamos traçar uma linha reta só pra andar com os pés tortos. Sair do caminho.