terça-feira, 27 de outubro de 2009

Mistério

Uma semana que passou correndo pela gente, aposto que você notou. Mesmo na confusão, algum consenso calado de calma pairava no ar. E aí você fez como eu queria e agora estamos aqui. Concreto. De tons pastéis, meio desbotados ainda. Melhor que cinza, eu garanto. Mas concreto. A gente prepara o cimento pra alguma coisa pela qual esperamos. E o que é que esperamos? Você e eu, sério, o quê é? Eu mal te conheço e duvido que tenhas alguma pista de como eu sou, mas aqui estamos. E, mesmo assim, sabemos: o cimento que preparamos é pro mistério mesmo.
Mas faz um tempo que eu não me reconheço em mim, nas minhas ações, nos lugares, nos assuntos, nos enunciados, nas vontades, nas apatias, nas músicas. Não sei se me perdi, se mudei, ou só passei a mostrar partes de mim que nem eu mesma conhecia. Acho que um pouco de cada. Acontece que isso tudo ainda é confuso e o fato de não me reconhecer mais é perigoso. Pra mim. Pra gente. Vou tentar, mas não posso te prometer a leveza do vazio calado, calmo, entorpecido que existe agora. Porque isso é me prometer pra ti. E antes de tudo, e depois de tudo, também, eu preciso entender o que é ser eu.