O tempo é percepção. São os segundos que seguem em curso que dão a possibilidade de elucidar o caso. Mais do que segundos, são os dias que passam, tecendo ao natural, e mostram que um nó se desata pra uma outra coisa, mas não some.
Mas pra isso é preciso atenção. Observar sempre um fluido invisível, mas perceptível, e lê-lo com cuidado, com calma. Atentar pra todas as pontas, início e meio (porque nunca se tem um fim), do caminho que o fluido percorre, sereno, de bom gosto. Ver que o que se encaminha nem sempre está encaminhado.
Nessa busca, antes de tudo, tem de haver um foco. O nó. Você percorre minuciosamente, como garimpeiro procurando ouro no rio, e encontra o nó. E é um processo ao contrário, de pés virados para trás, feito curupira. Mas a calma fará com que não nos percamos. E passado o após, o nó está no antes. Aí entendemos que o após que se desenrola agora não é súbito, não é inesperado, não é inato. Nós o construímos, mesmo antes do nó. Mas antes que chegue o após, nunca nos daríamos ao trabalho de ir buscar o nó e, antes dele, o antes-do-nó. A verdade é que somos cegos tateando num caminho invisível, sem noção da consequência do ato de parar, de falar assim, de dizer tal coisa, de fazer tal gesto, de escrever sobre tal sentimento. Sem noção de que está tudo aqui, nesse fluido que nos rodeia, imperceptível, e que é nosso e que se submete a nós. Ao invés disso, agimos como os submissos. Só porque esquecemos de nos lembrar.
sábado, 16 de maio de 2009
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